O olho claro no cabelo cor da noite, Riso branco feito açoite no olhar da paranóia. Aqui é cúmplice o que é simples e absurdo: Esmeralda no veludo, onça negra com jibóia. O que é quente se reúne ao que é gelado: Dois vagalume agarrado na casaca do pingüim. O que é sagrado vaticina o que é pecado: Dois louva-deus afogado em piscina de nanquim. De que se ri Diacuí? Farsante finge um piti: Gelo picado desmanchando dentro de um daiquiri... Noturna sanguessuga suga o meu sossego pra si Feito o morcego enxuga o suco-seiva do sapoti. Quem vê a corça que há em ti Não pressente o javali Que espreita a vítima na íntima clareira ao luar. Quem olha a jovem encantada tão bonita dançar Não vê que a louca desgrenhada premedita matar. Ai, prenda minha, verde-preta que me abate, Andorinha no abacate, luto sobre o beija-flor... Salve Rainha, chega dessa ladainha, Que o amor que tu me tinha era pouco e se acabou.